quinta-feira, 9 de abril de 2009

o que sobrou do céu

todos os dias, ele fecha a porta tosca que mal guarda a sua casa e desce a ladeira até à rua asfaltada. espera pela condução que o leva até ao centro da cidade. demora 50 minutos pra chegar lá.

antes de montar a sua banca, passa no armazém que fica na perpendicular da rua principal pra buscar o que há-de vender. com as costas carregadas, leva tudo até à sua esquina, onde deixa, todos os dias, desmontado o seu 'escritório'. quando acaba de montar a banca e de colocar o seu ganha-pão por cima dela, são 7 horas da manhã. aí começa o seu dia...

hoje não. o horário de verão confundiu o seu relógio e saiu de casa depois das 6h30. a condução demorou mais 25 minutos do que o normal por que o trânsito não era o normal. chegou depois das 8 e perdeu o bom da hora do rush, os seus clientes.
a sua mulher ligou pro orelhão e reclamou dinheiro pra comida e pro remédio do caçula. ele sentiu a pressão de um bolso vazio e um desespero que não lhe era habitual. olhou pra trás e viu demasiado trabalho em vão. olhou pro lado e viu muita gente com mais do que ele sem metade do trabalho. pensou em 6 formas de ter um pouco mais de uma maneira mais fácil.
quis ser mais forte do que isso. arrumou as suas coisas e voltou pra casa com a trouxa nas costas.

faltou luz mas era dia

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