quarta-feira, 15 de abril de 2009

o mapa cor-de-rosa

um dia, alguém teve uma ideia. campeonato do mundo de futebol em África? bora! ficou combinado, 2010, lá estaríamos nós. e como é que se vai pra África? logo aquela do sul, lá embaixo, entre Atlântico e Índico... hmmm, outra ideia do caralho, bora de carro. bem, como é óbvio, em áfrica não andam carros. andam jipes. ok. ir de Lisboa até à Cidade do Cabo de jipe lá pra junho de 2010... tá combinado!
aproveitando os meus conhecimentos africanos, procurei saber se isso era sequer possível. possível é sempre, dizem-me, mas roça o dificílimo. e mais contas de cabeça e de kilómetros e tempo e os países a cruzar e zonas de guerra e rebeldes e coisas que só existem ainda em áfrica, comecei a procurar alternativas. tendo uma base em angola por razões familiares, já ganhávamos uns milhares de kilómetros e passávamos as zonas mais complicadas... e precisaríamos de muito menos tempo.

com certeza, a maioria de vocês já ouviu falar do mapa cor-de-rosa. aquele, que lá para os fins dos 1800 foi reclamado pelo portugueses como território nacional. basicamente, tornar português aquele espaço entre Angola e Moçambique. no fundo, atravessar África de ocidente para oriente, à la Capelo e Ivens... mas com mais de 100 anos de intervalo.

o objectivo continua o mesmo, o campeonato do mundo de futebol na África do Sul, o caminho é que se alterou. agora é o seguinte:

- chegar a Luanda e descer até Benguela (os nossos headquarters) e arrancar daí para só ver mar algures por Quelimane, passando pela Zâmbia (quem sabe Lusaka). Esse caminho ainda está por definir, mas Benguela e Quelimane são paragens obrigatórias. depois é rumar a sul, de Maputo à Cidade do Cabo. Qualquer coisa parecida com isto:


não é preciso convite para entrar nesta expedição. basta só dinheiro e tempo... e um bocadinho de coragem talvez. ah, e fiquem tranquilos: de acordo com o googlemaps, há estradas em África!

domingo, 12 de abril de 2009

maluco beleza

tenho uma especial simpatia por gente maluca. não aqueles malucos que têm por prazer a maldade, mas aqueles que não fazem mal a ninguém. aqueles que falam sozinhos nas paragens de autocarro ou que gesticulam enquanto caminham.

desprovidos da noção de realidade e sem qualquer tipo de censura mental, abordam temas absurdos como o recomeço da guerra colonial ou a perseguição pela televisão. há também aqueles que só abordam a vida alheia, famosa ou desconhecida.

ainda hoje cruzei com um maluquinho desses, que falava alto como se comunicasse com alguém à distância. mal sabia ele que o seu 'amigo' estava ali tão perto, na sua maluca cabeça!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

o que sobrou do céu

todos os dias, ele fecha a porta tosca que mal guarda a sua casa e desce a ladeira até à rua asfaltada. espera pela condução que o leva até ao centro da cidade. demora 50 minutos pra chegar lá.

antes de montar a sua banca, passa no armazém que fica na perpendicular da rua principal pra buscar o que há-de vender. com as costas carregadas, leva tudo até à sua esquina, onde deixa, todos os dias, desmontado o seu 'escritório'. quando acaba de montar a banca e de colocar o seu ganha-pão por cima dela, são 7 horas da manhã. aí começa o seu dia...

hoje não. o horário de verão confundiu o seu relógio e saiu de casa depois das 6h30. a condução demorou mais 25 minutos do que o normal por que o trânsito não era o normal. chegou depois das 8 e perdeu o bom da hora do rush, os seus clientes.
a sua mulher ligou pro orelhão e reclamou dinheiro pra comida e pro remédio do caçula. ele sentiu a pressão de um bolso vazio e um desespero que não lhe era habitual. olhou pra trás e viu demasiado trabalho em vão. olhou pro lado e viu muita gente com mais do que ele sem metade do trabalho. pensou em 6 formas de ter um pouco mais de uma maneira mais fácil.
quis ser mais forte do que isso. arrumou as suas coisas e voltou pra casa com a trouxa nas costas.

faltou luz mas era dia

sábado, 4 de abril de 2009

são gonça, seu jorge

pretinha
faço tudo pelo nosso amor
faço tudo pelo bem de nosso bem (meu bem)
a saudade é minha dor
que anda arrasando com meu coração
não duvide que um dia
eu te darei o céu
meu amor junto com um anel
pra gente se casar
no cartório ou na igreja
se você quiser
se não quiser, tudo bem (meu bem)
mas tente compreender
morando em São Gonçalo você sabe como é
hoje a tarde a ponte engarrafou
e eu fiquei a pé
tentei ligar pra você
o orelhão da minha rua
estava escangalhado
meu cartão tava zerado
mas você crê se quiser...