segunda-feira, 10 de novembro de 2008

o gato que queria ser pássaro

logo pequeno foi separado da sua mãe. talvez tudo tenha começado aí, com essa falta de identidade de raça.

a separação foi brusca e o novo ambiente apresentou-se hostil. esperava-o outro bicho, pelo menos dez vezes maior do que ele. entre berros, latidos e miados, criou-se uma coexistência pacífica com certos momentos de amizade até. mas perdia-se entre os hábitos caninos e outros que tais.

tornou-se demasiado dependente dos donos, um pinga-amor quase. não tinha a delicadeza felina, nem aquele instinto selvagem. era trapalhão e mimado, com requintes de malvadez.

um dia subiu a uma janela. aberta. gostou da vista, aproximou-se do parapeito. ficou maravilhado quando viu aqueles bichos que cantavam e sarabandeavam pelo ar.

todos os dias subia ao parapeito, cada vez mais perto da borda. queria ser um deles. um dia chegou mesmo a ensaiar o salto, mas arrependeu-se a tempo e voltou para trás.

hoje a tentação venceu. tudo lá fora brilhava mais, vibrava mais. atirou-se. e voou, batendo asas que não tinha, em movimentos que desconhecia. voou, voou. mais do que a liberdade, foi o vento no focinho o que mais o maravilhou.

quando embateu no chão, chegou ao céu.



gattuso, sushi, pavarotti, fellini, cabrãozinho... companheiro da lua, bichinho matreiro e brincalhão. vou ter saudades tuas!

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